Reflexões de uma manhã de quarentena

Tenho testemunhado os sentimentos em comum da quarentena, e também as diferenças.

Em comum no início houve confusão, agitação, medo, ansiedade, desespero.

Houve a necessidade de se adaptar à nova rotina, se reestruturar (e reestruturar a casa), desenvolver novas habilidades – pais viraram professores, alguns viraram cozinheiros, outros faxineiros. E muitos tudo isso junto.

A convivência (intensa) familiar foi outro desafio: conviver com as diferenças não é fácil.

Mas, para outros, o desafio foi a solidão.

As sombras vieram e os fantasmas apareceram.

As escolhas doeram, principalmente aquelas feitas baseadas em mecanismos de defesa: aquela muleta “meia boca” que é usada para ocupar a vida, apareceu como é.

As faltas de escolha também doeram.

Na segunda fase houve raiva, revolta, irritação, tristeza, decepção. Tudo junto e misturado.

A quarentena foi prolongada: algumas pessoas talvez nunca tinham vivido tanta frustração… Raiva, irritação e o mau humor surgiram.

A rotina incômoda se acomodou, agora surge o tédio, a resignação.

Preocupação, medo e ansiedade marcam presença constante no processo.

Esse momento exige a prática da tolerância-empatia-flexibilidade-paciência-resiliência, assim sem vírgula nem pausa.

A diferença é que alguns ainda brigam e não aceitam a situação, projetam no mundo o seu problema (a sua sombra) e a culpa é do outro (mulher, marido, filho(a), mãe/pai, economia, do governo, dos comunistas, dos chineses…).

Outros não estão oferecendo tanta resistência à necessidade de transformação, “bateram no peito e chamaram pra si” a responsabilidade pela própria vida e também pela comunidade (a família, os amigos, os vizinhos, o desconhecido).

E você? Onde anda em tudo isso?

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